Blog Paraibanomanews - Leo Lasan
Família de Dona Gonzaga fazendo homenagem aos 80 anos |
Luiza Gonzaga Carneiro Pereira, a Dona Gonzaga, mãe do blogueiro
Amaury Carneiro, aniversariou sábado (28), os familiares prestaram uma singela
homenagem à grande guerreira. Em uma espécie de jogral os filhos Raimundo
Augusto, Ana Maria, Marcos e o caçula Amaury leram a biografia da mãe. Relatos
guardados nos corações dos filhos. Para eles a mãe, era uma mulher que estava à
frente do seu tempo. Conforme suas recordações infantis foram marcadas pela
inteligência da genitora no campo das artes. Quando então os lugarejos do leste
do Maranhão, onde ficam os municípios da Passagem Franca, Paraibano, etc. não
tinham acesso à cultura de massa, sua mãe já despontava para as invenções,
arquitetura, artes e solidariedade humana na área da saúde. Os filhos
ressaltaram que Dona Gonzaga na grande vontade de transmitir conhecimentos
usava as artes para conscientizar os moradores dos acontecimentos a fim
de inseri-los em um mundo participativo e de cidadania. Sem recursos
financeiros Dona Gonzaga reunia as amigas, nas noites enluaradas (pois na época
a energia elétrica não existia na zona rural) e sob a luz bruxuleante das
lamparinas à querosene, transformava o terreiro em palco de teatro ao estilo
mambembe.
Marcos, Raimundo Augusto e Ana Maria, filhos lendo a biografia da mãe nesses 80 anos |
Homens
e mulheres humildes agricultores, que cansados da labuta sob um sol escaldante,
se deleitavam com os “dramas” e a produção dos espetáculos. Como
uma pessoa que sempre gostou de ler e conhecer o mundo através dos livros, Dona
Gonzaga levava a menos favorecidos a cultura e a história do nosso País e olha
que eram arriscadas essas investidas sem o consentimento dos “donos”
do Brasil, mesmo em uma região em que não tinha acesso a cultura,
mas não faltava os arapongas de plantão, mas alheia ao militarismo, Dona
Gonzaga, montava com os “camponeses”, uma espécie de desfile cívico em
comemoração ao dia 7 de Setembro, o único problema era que todos queriam ser
Dom Pedro II, o motivo, todos tinham cavalos e um facão como espada. As balizas
era o colírio dos marmanjos e o desfile era um bálsamo para essas pessoas que
mesmo longe de tudo era de uma riqueza infinita no prazer de representar a
história do Brasil.
Que
civismo.
A diretora Gonzaga e a atriz D. Dinha |
A
comunicação entre os povos da redondeza era um problema. Não havia rádio, TV
nem em sonho, como fazer para avisar aos moradores de outros povoados que ia
ter espetáculo? Dona Gonzaga fez o que todo nordestina adora. Soltar foguete.
Ao ouvir o estampido dos fogos, os moradores próximos ao povoado Lagoa Redonda
já sabiam: Hoje “tem espetáculo!”. Então vestiam suas melhores roupas, subiam
nas suas montarias e lá iam cheios de expectativas e emoção. E vibravam com os
artistas. Uma das grandes atrizes era a amiga “Dinha” (Raimunda) que esteve no
aniversário de 80 anos de Dona Gonzaga.
Mas a
vida de Dona Gonzaga naqueles tempos dos anos 60 e início de 70 era um
“verdadeiro” drama. Muitas carências sociais faltavam de tudo.
Mas nem
só alegria Dona Gonzaga levava à população das redondezas, era preciso educar.
Ainda adolescente deixou a casa dos pais e foi seguir a missão de professora
(missão essa seguida por todos os seus filhos) na Serra Negra (Colinas). Como
professora e detentora do saber, os moradores também buscavam seus
conhecimentos na área de saúde. Talvez esteja aí os primórdios dos Agentes
Comunitários de Saúde e isso naquela época era só exercido por parteiras e
benzedeiras, mas Dona Gonzaga no espírito solidário que sempre dedicou se
deslocava de sua casa, fosse madrugada com chuva ou não. A sua caixinha de
metal com os instrumentos de primeiros socorros com álcool e a seringa de vidro
(na época não existia seringas descartáveis), panos limpos, etc. Quantas
injeções, curativos, compressas para combater os males em uma local distante desses bens.
As
grávidas e famílias carentes também eram atendidas por D. Gonzaga (internavam),
quantos lençóis transformados em cueiros, roupas dos filhos doadas, etc.
Afilhados? Muitos mais de cem, até poderia ser eleita se quisesse, mas o seu
espírito não era a política e sim a solidariedade. Dentre todos esses afazeres
tinha força espiritual e a ajudava às igrejas, tanto nas missas como nos
festejos. Imagine quem ornamentava altares e fazia os vestuários dos anjos para
as crianças no coral? Sim. Dona Gonzaga.
Somente
em 1972 veio para Paraibano, morar e contribuir com o desenvolvimento da
cidade. Foi professora nas Escolas Nicéias Mendes (hoje sede do Fórum),
Henrique Dias e João Paraibano. Foi auxiliar de enfermagem e orientadora de
oficinas de bordados (era uma exímia bordadeira e seus trabalhos embelezavam
moveis das residências de famílias de várias cidades). Ah!! Os filhos. Seus
tesouros, como ela mesma confessou ao Blog Paraibanomanews, durante o seu
‘niver’ de 80 anos. Deus na sua infinita sabedoria testou a sua benevolência
deu-lhe dois filhos especiais Alanmark (já falecido) e carinhosa Lêdalis.
Cuidou-os e mostrou o exemplo aos demais filhos o que é o verdadeiro do amor
materno. A figura do marido Seu Pereira, sempre foi um símbolo de união que
Dona
Gonzaga
repassava aos filhos. Juntos venceram obstáculos que aqueles tempos difíceis
apresentavam a todos e seus exemplos servem de lição para as famílias nos dias
atuais. Aos jovens que se esquecem de valores cíveis. Aos políticos que não
levantam os olhos do próprio umbigo e para a sociedade que tem como cultura de
massa, programas violentos, o consumismo e o distanciamento do próximo. Dona
Gonzaga que bom que os seus 80 anos foram e são dedicados a solidariedade e
amor ao próximo. Parabéns. Queira Deus, que todos ao chegarem a uma data como
essa de 80 anos, tenham um currículo tão lindo como o da senhora. Felicidades e
muitos anos de vida dedicada à familia e ao próximo.
Foi lamentável perder uma festa grandiosa como a de Dona Gonzaga, não pela dimensão, mais pela importância, pois eis merecedora do meu respeito, carinho e amizade, infelizmente o destino as vezes nos prega ausências, mais quero aqui expressar o meu feliz aniversário para esse baluarte paraibanense, chefe de uma família de pessoas idôneas, de índole, capazes caráter e principalmente respeitadores até hoje a essa matriarca, que soube criar na ausência do companheiro da melhor forma possível, ou seja educando e preparando pra vida, espero que essa data, assim como essa festa se repita por muitos e muitos anos, feliz aniversário Dona Gonzaga, esses são meus votos de sentimento.
ResponderExcluirAbração, Sandro Enfermeiro...