A médica Haydee Marques da Silva de 66 anos presta depoimento na 16ª Delegacia Policial (Barra da Tijuca), no Rio de Janeiro (RJ) - 12/06/2017 (José Lucena/Futura Press/Folhapress) |
MP denuncia por homicídio doloso médica que negou socorro a bebê
Haydée Marques da Silva não socorreu menino de um ano e meio de idade alegando que não era pediatra; criança morreu após aspirar o próprio vômito
A médica Haydée Marques da Silva,
de 66 anos, foi denunciada nesta segunda-feira pelo Ministério Público
do Estado do Rio (MP-RJ) por homicídio doloso, com dolo eventual (quando
o autor assume o risco de produzir o resultado), pela morte de Breno Rodrigues Duarte da Silva, de 1 ano e meio.
Haydée
estava de plantão em 8 de junho quando foi chamada para socorrer o bebê
na casa dele, na Barra da Tijuca (zona oeste), mas se recusou a prestar
atendimento. A criança, que sofria de doença neurológica e era
acompanhada em casa por uma técnica de enfermagem, morreu enquanto
aguardava o socorro, depois de aspirar o próprio vômito. Se
a Justiça aceitar a denúncia feita pela 7ª Promotoria de Justiça de
Investigação Penal do Rio, Haydée será julgada pelo Tribunal do Júri.
O
MP-RJ também requereu a suspensão do exercício profissional da médica,
com base no Código de Processo Penal. “A gravidade dos fatos narrados e
diversas notícias anteriores de maus atendimentos, inclusive um recente
que resultou em homicídio culposo, demonstra a total instabilidade e
falta de equilíbrio de Haydée para o exercício da medicina, revelando a
imensa probabilidade de que prossiga reiterando as práticas abusivas e
criminosas”, afirma a denúncia.
Segundo a peça acusatória, Haydée se recusou a prestar atendimento a Breno sob a justificativa de que não era pediatra. O paciente apresentava sintomas que justificavam o quadro classificado como “urgência com prioridade”, que demanda atendimento em dez minutos. Breno permaneceu sem o devido atendimento por aproximadamente uma hora e meia, quando a segunda equipe de socorro chegou ao local. A autopsia constatou que a causa principal da morte foi “broncoaspiração maciça”, sendo a omissão da médica fator determinante para o resultado.
Após
prestar depoimento à delegada Isabelle Conti, da 16ª DP (Barra da
Tijuca), em 12 de junho, a médica afirmou à imprensa que se recusou a
atender Breno porque ele não corria risco de morte.
“Fui atender um bebê que não corria risco de morte, que tinha um
profissional de saúde em casa [a técnica de enfermagem do home care].
Quando há um código vermelho que fala sobre risco de morte, eu atendo,
mesmo não sendo pediatra. A classificação de risco neste caso era
baixa.”
Haydée negou omissão no caso e disse ser
inocente. “Fui informada pela técnica que era uma gastroenterite, com
neuropatia. Não estou arrependida porque não fiz nada de errado. Estou
triste e muito abalada pelo fato de a criança ter morrido. Não acho que
tenha sido responsabilidade minha a morte dela.”
(Com Estadão Conteúdo)
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