A questão maior nem é conquistar o segundo mandato presidencial; o principal objetivo é obter uma vitória política que permita restabelecer o equilíbrio institucional
O Brasil assiste a vários conflitos
que deveriam merecer melhor atenção do cidadão-eleitor-contribuinte.
Infelizmente, nem todos conseguem enxergar a realidade como ela é, nua e crua. Temos a guerra de todos contra todos
os poderes que entra em seu
ano apocalíptico com a disputa eleitoral. No meio dela, na disputa pela hegemonia do
poder, somos colocados no meio de uma guerra psicológica, marcada por
constantes batalhas semânticas em meio a narrativas. Envolvem-se na pancadaria
aqueles que preferem se definir pelos rótulos nem sempre tão claros e
objetivos: progressista x conservador (e ou liberal); esquerda x direita.
No meio de tantos conflitos
permanentes, entre pessoas, partidos, organizações privadas e instituições
públicas, temos um Estado Cleptocrático. Trata-se de um “Leviatã” carente de
“Estado de Direito” e, por consequência, sem democracia efetiva. Vale a “lei” do mais forte. O excesso de regramento permite o rigor seletivo ou
o perdão conveniente. A injustiça, a impunidade e o abuso de poder são
tendências. Tudo isso marca o fenômeno da “juristocracia” — o establishment usa
a burocracia judiciária para interferir
nas decisões políticas. Executivo e Legislativo são
contidos. O poder popular é minimizado
quando seus representantes eleitos são neutralizados pelo “mecanismo”. O crime se organiza, naturalmente, nesse ambiente em
que ocorre uma união delitiva entre bandidos de toda espécie e classe social em
(com)parceria com componentes da máquina estatal.
Existe saída para escapar dessa
arapuca tupiniquim? Claro que existe! A solução passa pela política. O
cidadão-eleitor-contribuinte tem a obrigação de votar com mais consciência,
qualidade e responsabilidade em 2022. O foco fundamental é a escolha de
senadores comprometidos com as reformas e mudanças estruturais. Os novos
eleitos também precisam compreender a importância fundamental de reequilibrar a
relação entre o Executivo, Legislativo e Judiciário. A ilegítima “juristocracia” precisa ser
contida, simplesmente porque afronta, justamente (sem trocadilho), o Estado de
Direito. A conquista da segurança jurídica passa, necessariamente, por uma
estratégia de reconstrução da política. A missão não será fácil, diante do
tribalismo vigente. A cleptocracia judasciária depende do caos institucional e
da inação política para existir. Portanto, a única saída efetiva e segura é
política. Não tem outra.
No meio desse processo de
implantação da normalidade institucional, teremos a reeleição de Jair Bolsonaro. A eleição de outro candidato é pouco
provável na realidade. Não é recomendável confiar nas “pesquisas” (com
metodologia manipulada) que indicam o contrário. A candidatura de Lula da Silva
é completamente fake. Não é viável. Nem precisa fazer enquete para constatar
que a maioria do povo brasileiro se recusa a votar em quem tem o rótulo
consolidado de “corrupto”. A situação do chefão petista se agrava pelo fato
vergonhoso de ter sido “descondenado” pelo golpe jurídico dado pelo Supremo
Tribunal Federal em três instâncias soberanas do Judiciário. Lula é a desmoralização da honradez. Fora ele,
até agora, a tão decantada terceira via não se viabiliza. Assim, na prática, no
mundo real, Bolsonaro se torna o franco favorito, apesar do desgaste de ocupar
a cadeira elétrica do Palácio do Planalto. Eis o jogo para outubro/novembro de
2022.
Por tudo isso, a
reeleição de Bolsonaro tem menos importância que a recuperação do equilíbrio
institucional. O presidente precisa entender que foi eleito em 2018 para fazer
um governo de transição da cleptocracia fora de controle para um Estado de
Direito. Assim, Bolsonaro tem a obrigação de definir uma agenda simplificada,
entendível pela maioria sensata e honesta, para mostrar que é possível
recuperar a governabilidade afetada (e praticamente perdida) pela ação do
“mecanismo” e da “juristocracia”. Jogar nas quatro linhas de uma Constituição
ruim não é fácil, mas essa precisa ser a regra fundamental do jogo. Do
contrário, o Brasil vai mergulhar em guerra civil, com consequências violentas
e imprevisíveis.
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