APÓS ANOS DE MÁ FAMA, A CARNE DE PORCO SAI DO CHIQUEIRO E FICA CHIQUE


AGORA PODE - O tartare da Casa do Porco (acima) e a barriga com maçã do Oro: carne suína de cara nova

Nos fins de semana, a espera por mesa chega fácil, fácil a três horas na Casa do Porco, restaurante situado no centro de São Paulo. No cardápio do premiado chef Jefferson Rueda existe porco para qualquer tipo de paladar, do clássico torresmo a versões de sushi e tartare — a carne picada é servida crua com cogumelos sobre uma torradinha. Até drinques carregam um toque suíno, como o que leva cachaça, limão, açúcar, pimentas do-reino e dedo-de-moça e, ao lado, um espetinho de salsicha. “É a carne mais versátil e democrática do mundo”, elogia Rueda. “Você pode cozinhar do focinho ao rabo.”
A carne suína sempre foi muito consumida no Brasil, sobretudo no interior, por vir de um animal criado com baixo custo e, defumada ou cozida e envolta na própria banha, permanecer saborosa por muito tempo. Em cada bocada, porém, sentia-se um gostinho de pecado: tão boa e tão prejudicial à saúde. “A carne de porco era tida como muito calórica, gordurosa e até perigosa. Agora, o cenário é outro”, afirma Ricardo Santin, diretor da Associação Brasileira de Proteína Animal. Em vez de viverem soltos e comerem lavagem e detritos, os animais são criados em instalações modernas e higiênicas e recebem alimentação balanceada à base de ração. “Também aumentou a fiscalização nos frigoríficos, o que ajudou a afastar o estigma de que a carne suína transmite doenças”, completa Santin. Na esteira do progresso, o consumo disparou nas últimas duas décadas — só de dois anos para cá, avançou 10%.
O peso médio do animal abatido caiu de 300 para 90 quilos. Com isso, a capa de gordura, que chegava a 6 centímetros, não passa de 1,5. Resultado: a carne suína comercializada tem 31% menos gordura, 14% menos calorias e 10% menos colesterol do que há vinte anos.

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