ALEMA

Ministro Marco Aurélio Mello sobre o STF: “A história será impiedosa”

 

Parte superior da foto: Cláudio Dantas e  Ex - Ministro Marco Aurélio

Ex-ministro critica ampliação de competência da Corte e alerta para prejuízo ao devido processo legal

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello criticou hoje (31), a atual atuação da Corte brasileira e alertou que o distanciamento dos limites constitucionais pode comprometer a legitimidade do sistema judicial brasileiro. “A história será impiedosa com a postura atual do STF”, afirmou em entrevista ao programa Alive, apresentado por Cláudio Dantas, no YouTube.

Segundo Marco Aurélio, o Supremo tem julgado casos que não lhe cabem, o que fere garantias processuais básicas. “Com essa competência alargada, o cidadão acaba prejudicado. Porque fica em segundo plano o devido processo legal. Ele não é julgado pelo juiz natural e não tem direito ao recurso de revisão.”

O ex-ministro voltou a apontar o julgamento de réus do 8 de Janeiro e do ex-presidente Jair Bolsonaro como exemplos de extrapolação da competência da Corte. “O Supremo se arvorou competente para essas ações, inclusive para julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro”, disse. “Quando algo começa errado, tende a terminar errado.”

Ao longo da entrevista, Marco Aurélio, relatou sua experiência no tribunal e criticou a ausência de pluralidade nos votos. “Colegiado é somatório de formações distintas. Se eu pudesse dar peso a decisões, daria mais valor àquelas tomadas por maioria de votos, porque revelam que dois entendimentos estiveram colocados.”

Ele também alertou para o risco de decisões judiciais gerarem instabilidade. “Não se pode viver em uma sociedade ao sobressalto, sendo surpreendido passo a passo por essa ou aquela decisão”, disse. “É preciso que se observe o figurino legal.”

O ex-ministro afirmou ainda que a Corte precisa se reconectar com seu papel institucional. “O direito é uma ciência. Possui institutos, vocábulos e expressões com sentido próprio. A paz social está no apego ao que foi aprovado pelo Congresso em termos de normatização.”

Marco Aurélio criticou restrições à liberdade de imprensa e afirmou que a missão do juiz deve ser exercida com desapego e responsabilidade. “Eu fico atônito quando vejo o desprezo à liberdade de expressão, que é medula do Estado Democrático de Direito”, disse. “A missão do juiz é sublime. Não há espaço para espírito de corpo no Supremo.”

Por fim, defendeu autocrítica e abertura ao diálogo. “O saber é uma obra inacabada. Temos que estar abertos, temos que ouvir. Ao juiz, a primeira qualidade é ter paciência para ouvir. O Supremo precisa dar o exemplo. E amanhã a história cobrará.”

Fonte: Site do Jornalista  Cláudio Dantas


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