Incerteza do cenário e possível impedimento de Lula estimulam postulantes.
A
cinco meses para o início do registro das candidaturas, a corrida eleitoral
deste ano começa a ganhar forma e já reúne pelo menos 11 postulantes ao Palácio
do Planalto colocados oficialmente. Na última semana, os nomes do presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) foram lançados
por seus partidos.
Analistas apontam o cenário de incerteza na disputa
presidencial, reflexo da crise política, e o fim do financiamento empresarial
como determinantes para a proliferação de candidaturas. A possibilidade de o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até agora líder nas pesquisas de
intenção de voto, ficar impedido de concorrer com base na Lei da Ficha Limpa
também é considerada um fator para a pulverização de candidatos.
Algumas dessas candidaturas, porém, são vistas como tentativa de
os partidos se cacifarem nas negociações de alianças eleitorais, como a do
próprio Maia. No evento em que “estreou” como pré-candidato à Presidência, o
deputado foi reverenciado por líderes de siglas do Centrão e até por tucanos,
que já têm no governador Geraldo Alckmin (PSDB) seu pré-candidato. Eles ainda
tentam atrair o DEM para a chapa presidencial.
A exemplo da candidatura do DEM, considerada de centro, no campo
da esquerda a postulação da deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB)
também é vista com ceticismo. Historicamente, o partido tem se colocado como
linha auxiliar do PT e aliados dizem ter dúvidas se ela a manterá até o fim.
“O quadro está aberto. Partido grande não tem candidato forte,
candidato mais forte está em partido fraco. O primeiro colocado nas pesquisas
está impedido e o outsider saiu. O governo é bom nos resultados econômicos e
pessimamente avaliado. Isso tudo dá muita insegurança para se apostar em
coligações agora”, afirmou o cientista político Rubens Figueiredo.
A fragmentação vista no campo de centro, que reúne, além de Maia
e Alckmin, o senador Álvaro Dias (Podemos), pode ficar ainda maior caso o
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), concorra. Ele negocia filiação
ao MDB, mas dirigentes da sigla têm dito que a prioridade, em caso de
candidatura própria, é do presidente Michel Temer – que diz não ter a pretensão
de disputar a reeleição.
Sistema está desestruturado,
diz cientista político
Na esquerda, a indefinição sobre Lula incentiva a fragmentação.
Além do petista e de Ciro, o PSOL lançou ontem o líder do Movimento dos
Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, como pré-candidato. Embora
considerada mais ao centro, a ex-ministra Marina Silva (Rede) – oficializada
como pré-candidata em dezembro – disputa o mesmo eleitorado.
No outro extremo, o PSL filiou na quarta-feira, 7, o deputado Jair Bolsonaro (RJ), 2º colocado nas sondagens eleitorais. O empresário João Amoêdo foi lançado pelo Novo em novembro.
No outro extremo, o PSL filiou na quarta-feira, 7, o deputado Jair Bolsonaro (RJ), 2º colocado nas sondagens eleitorais. O empresário João Amoêdo foi lançado pelo Novo em novembro.
Para o cientista político Vitor Marchetti, da Universidade
Federal do ABC, uma das medidas do que chama de “desestruturação” de sistema
político é o número de candidaturas Para ele, já é possível projetar 18 nomes.
“Nosso recorde foi em 1989, quando 22 candidatos se lançaram. A diferença é que
em 1989 a descoordenação era reflexo da inauguração do regime, já 2018 é
retrato de sua desconstrução.” Vitorioso na primeira eleição após a
redemocratização, o senador Fernando Collor (AL) é pré-candidato pelo PTC.
A reportagem adotou o critério de desconsiderar pré-candidaturas
não citadas nos principais institutos de pesquisa, como a da ex-apresentadora
Valéria Monteiro, lançada pelo PMN.
“Com a crise e a ausência de candidatos com poder de
aglutinação, todos os partidos resolveram se aventurar”, afirmou o cientista
político Carlos Melo, do Insper. A consequência, disse, pode ser um 2º turno
entre nomes com poucos votos. Para Marchetti, “uma candidatura que consiga 20%
dos votos no 1º turno terá grande chance de sair vitoriosa”. As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo.
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