ISSO RETRATA AS CONSEQUÊNCIAS DE UM DOS PAÍSES MAIS CORRUPTOS DO PLANETA TERRA.
Má Qualidade
de Vida
O Brasil foi ultrapassado por Albânia, Geórgia e Azerbaijão na edição
2016 do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das
Nações Unidas, e ficou em 79° lugar em uma lista com 188 nações. A ilha
caribenha de São Cristóvão e Navis também registrou IDH superior ao do
Brasil no ranking.
O índice, calculado anualmente pela ONU, serve
como parâmetro de bem-estar da população e considera fatores como
expectativa de vida, média de anos de estudo e renda nacional bruta per
capita. A edição divulgada hoje considera dados de 2015.
De acordo
com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(Pnud) divulgado terça-feira (21), o Brasil avançou em alguns fatores e
regrediu em renda.
A queda acentuada na renda bruta per capita
dos brasileiros (toda a renda do país dividida pela população total) é o
principal ponto negativo. Ela caiu de US$ 14.858 (em paridade de poder
de compra) para US$ 14.145.
Apesar da queda, o documento
identifica certos avanços no Brasil, como um leve aumento na expectativa
de vida da população – que passou de 74,5 para 74,7 anos – e também nos
anos de estudo, indicador que subiu de 7,7 para 7,8 anos. A expectativa
de anos de estudo se manteve estável, em 15,2 anos.
Em nota, o
governo brasileiro afirmou que os dados da ONU “ilustram a severidade da
crise da qual apenas agora o país vai saindo”.
“O resultado do
conjunto de transformações em curso sob a liderança do presidente Michel
Temer deve refletir-se, ao longo das próximas edições do índice, em uma
melhoria, tanto absoluta, como relativa de nosso número”, afirmou a
Secretaria de Comunicação da Presidência.
Trajetória do Brasil
Em
comparação com anos anteriores, o Brasil se manteve estável em relação
ao último ranking do IDH. Isso ocorre porque o novo relatório atualizou
números de 2014, divulgados pelo Pnud em dezembro de 2015.
Com
isso, o IDH do Brasil em 2014 foi levemente revisado para baixo,
passando de 0,755, divulgado na época pela ONU, para 0,754 no atual
documento, o mesmo índice obtido em 2015.
Se não tivesse havido
essa revisão, o Brasil teria perdido quatro posições no ranking, já que
havia ficado no 75° lugar no estudo anterior. Mas no atual relatório, a
classificação do Brasil em 2014 foi rebaixada para 79°, a mesma obtida
em 2015.
Ou seja, na prática, o Brasil já deveria ter perdido
quatro posições no ranking de IDH no estudo publicado no final de 2015,
em razão da queda na renda per capita mais acentuada do que o estimado
na época.
A renda bruta per capita no Brasil (em paridade de poder
de compra) que havia sido divulgada em 2015 era de US$ 15.175
(referente a 2014). No atual relatório, após revisão, ela foi reduzida
para US$ 14.858, informou a ONU à BBC Brasil.
Em 2015, de acordo
com o documento divulgado dia 21 de março, a renda bruta per capita dos
brasileiros caiu novamente, para US$ 14.145.
O Pnud informou à BBC
Brasil que os dados do documento desta terça-feira não podem ser
comparados com os números divulgados em relatórios anteriores, já que
eles foram revisados no relatório deste ano. Outros países também
tiveram suas estatísticas alteradas.
Obter os números definitivos
de dados como esperança de vida, PIB e renda per capita pode levar um
longo período. Eles também mudam em função da evolução da população,
ressalta o programa da ONU.
“Agências nacionais e internacionais
revisam e aperfeiçoam permanentemente suas séries de dados. Os números
relacionados ao desenvolvimento humano, incluindo os valores e rankings
do IDH, não são comparáveis aos das edições anteriores”, afirma a ONU.
No
caso do Brasil, apenas a renda per capita foi revisada para baixo. Os
números dos demais critérios que compõem o IDH do estudo anterior foram
mantidos. De acordo com o novo relatório, houve, portanto, leve aumento
na esperança de vida da população, que passou de 74,5 para 74,7 anos.
O
país com a pontuação mais próxima de 1 tem o melhor desempenho. É o
caso da Noruega, primeira colocada no ranking, com Índice de
Desenvolvimento Humano de 0,949.
A Austrália e a Suíça empatam no
segundo lugar, com 0,939. O pior resultado do estudo é o da República
Centro-Africana, com IDH de 0,352.
A Argentina (45° posição, com
IDH de 0,827) e o Chile (38° da lista, com 0,847) integram a categoria
mais elevada, de desenvolvimento humano “muito alto”. O Brasil está no
grupo de países com desenvolvimento humano “alto”.
Apesar da
estagnação do Brasil nos dois últimos anos, o país melhorou sete
posições no ranking do IDH no período de 2010 a 2015, segundo a ONU.
As
diferenças na expectativa de vida, na educação e na renda no Brasil
fazem com que o IDH registre uma perda de 25,6% quando ajustado à
desigualdade no país. Isso porque um país pode ter um IDH elevado, mas
se houver muita desigualdade, o índice pode valer menos.
De acordo
com o Pnud da ONU, apesar de progressos nos últimos 25 anos em relação
ao desenvolvimento humano, a pobreza extrema e a exclusão persistem na
América Latina e Caribe e em outras regiões do mundo.
O relatório afirma que uma entre cada três pessoas no mundo ainda vive em baixos níveis de desenvolvimento humano.
A
América Latina e Caribe possuem níveis elevados de desenvolvimento
humano quando comparados a outros países emergentes. Mas quando ajustado
em função da desigualdade, o IDH da região sofre uma redução de 25%,
principalmente devido à desigualdade de renda.
O estudo destaca
que países desenvolvidos também enfrentam pobreza e exclusão social, com
mais de 300 milhões de pessoas vivendo em condições de pobreza
relativa, sendo mais de um terço crianças.
“O desenvolvimento humano de todos não é um sonho. É um objetivo realizável”, diz o documento.
Entre
as recomendações do Pnud estão políticas para aumentar oportunidades
para as mulheres, garantir acesso à Justiça, promover proteção social e
discriminação positiva para minorias e pessoas com necessidades
especiais, além de programas para enfrentar mudanças climáticas e crises
sanitárias, como o caso da epidemia do vírus zika em países como o
Brasil.
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