APOIO SINDICAL Lula no seu derradeiro ato renega a condição de ser humano. Virou ideia (Crédito: Paulo Pinto) |
O PT deixou de lado programas, propostas e ideologia para venerar seu líder a qualquer custo
Uma das características marcantes das
seitas é a idolatria cega aos seus líderes, elevados a seres especiais com
autoridade divina e liderança existencial. Quando o fanatismo invade o terreno
político, os programas e as bandeiras partidárias se tornam descartáveis. Cedem
lugar à adoração e à reverência, típicas de culto. Os militantes se
transformam, então, em indivíduos abnegados, desprovidos de espírito crítico e
freios morais. Ao acreditarem na infalibilidade dos caciques por eles
venerados, a ponto de incluírem a alcunha deles em seus nomes, mesmo quando
condenados e presos por corrupção, os “fiéis” exibem traços de fundamentalismo.
Foi o que o Brasil testemunhou nos últimos dias, em meio ao espetáculo
deprimente em que se transformou a prisão de Lula e os dias que a sucederam. No
domingo 8, com o petista já encarcerado na sede da PF em Curitiba, a presidente
do PT, senadora Gleisi Hoffmann, parecia cumprir uma liturgia ecumênica. Como
se exortasse o rebanho a adorar seu “deus”, ela pronunciava frases repetidas
como um mantra. “Não vamos sair daqui”, ditava Gleisi. “Não vamos sair daqui”,
copiavam eles. “Ocupar e resistir”, ordenava. “Ocupar e resistir”, assentia a
turba. Até o bordão final, entoado em uníssono: “Eu sou Lula”. Semelhante ao
cortejo de uma seita, a dispersão se deu vagarosamente.
O líder adorado tinha dado o tom no
dia anterior. Segundo ele, a polícia havia prendido seu corpo, não sua mente,
como se ele fosse a reencarnação de Jesus Cristo. “Não sou mais um ser humano,
sou uma ideia”, (QUE ABSUSRDO!) pregou Lula durante discurso feito horas antes de ser conduzido
à cadeia. Ato contínuo, os militantes choravam, gritavam, se embriagavam,
literalmente, e transformavam os momentos de tensão da prisão do morubixaba
petista num ato de auto-imolação. Enfim, compunham uma atmosfera de histeria
coletiva. Dois dias depois de dizerem “Eu sou Lula” em frente à PF, Gleisi e
mais 36 políticos virariam Lula na prática. Acrescentaram o nome do
ex-presidente, outrora apelido, em seus registros parlamentares. Assim, Gleisi passou
a se chamar “Gleisi Lula Hoffmann”, Paulo Pimenta, “Paulo Lula Pimenta” e assim
sucessivamente. Impressionados com a reação dos petistas, agentes da PF local
chegaram a compará-los a seguidores de seitas radicais, como a de Jim Jones, um
pastor do Tempo Popular, com orientação socialista, que no auge de sua
insanidade ordenou que seus 918 discípulos cometessem o suicídio coletivo em
Jonestown em 1979, depois de submetê-los a um intenso processo de lavagem
cerebral.
A história da humanidade está repleta
de exemplos de que sempre quando a política se mistura com o fanatismo, o
resultado é desastroso para a democracia. Quase sempre levam ao totalitarismo.
Aconteceu em Cuba, com Fidel Castro, e na Venezuela, com Hugo Chávez, agora
replicado por seu herdeiro Nicolás Maduro. Lá, a manipulação popular acabou
empurrando o país ao caos social. Na Europa, o fanatismo aliado à política
descambou no fascismo de Benito Mussolini na Itália e no nazismo de Hitler, na
Alemanha da década de 40. O saldo não poderia ter sido mais funesto: milhões de
judeus foram asfixiados em câmeras de gás por discordarem de um louco varrido.
Daí o perigo desse comportamento tão alucinante quanto oportunista.
Os dirigentes petistas parecem não se
importar com isso. A ordem é manipular as massas na tentativa de regressar ao
poder a todo custo, nem que seja para levar o País ao abismo econômico e
social, como ocorreu durante o governo Dilma Rousseff. Por isso, nos últimos
dias, fizeram de tudo para ampliar a atmosfera mística em torno da prisão de
Lula, que em carga de dramaticidade e holofotes lembra em muito o episódio da
detenção do ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson, televisionada ao vivo
para todo País. Para manter a toada de culto ao personagem, pela manhã,
liderados por Gleisi Hoffmann, os mil manifestantes que acampavam nas
imediações da PF, passaram a gritar: “Bom dia companheiro Lula”. As saudações
se repetiam à tarde e à noite, antes do repouso do petista. O PT também
deslocou o QG do partido para Curitiba. A sigla anunciou que estava
transferindo sua sede nacional, que funciona em São Paulo, para a capital
paranaense na segunda-feira 9. No mesmo dia, aproveitou para promover uma
reunião da Executiva Nacional para reafirmar que “Lula será o candidato do PT a
presidente”, mesmo preso, mesmo à revelia da lei da Ficha Limpa. Ao abandonarem
seus gabinetes em Brasília e se instalarem permanentemente na cidade,
senadores, como Roberto Requião (MDB), além de Gleisi e Lindbergh, praticamente
passaram a dar expediente na porta da cadeia. Como cada senador custa para a
União R$ 1,2 milhão por ano, segundo levantamento da Transparência Brasil, se
eles ficarem um mês por lá, como prometem, o País estará desperdiçando uma
verdadeira fortuna.
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