PSB SE EMPOLGA COM POSSÍVEL CANDIDATURA DE JOAQUIM BARBOSA: "TEM ESPAÇO PARA DAR CERTO"

Casagrande e Joaquim Barbosa
Renato Casagrande, secretário-geral do PSB, com Barbosa após a reunião de ontem, quinta 19

SE CONFIRMAR DE FATO A CANDIDATURA, SERÁ O ÚNICO COM FICHA TOTALMENTE LIMPA.

Ontem, quinta-feira 19, Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federa,  reuniu-se com lideranças do PSB para discutir sua possível candidatura ao Planalto em 2018. Filiado ao partido recentemente, Barbosa, não confirma se será ou não um postulante e mantém uma postura enigmática.
"Não consegui ainda convencer a mim mesmo de que devo ser candidato", afirmou à mídia. A demora para formalizar sua entrada na disputa, que pode ser definida até 15 de agosto, não o incomoda. "Who Cares (Quem se importa)?", devolveu a um jornalista que lhe perguntou se a espera poderia afetar possíveis alianças partidárias.

Entre as lideranças do partido, a empolgação com o ex-ministro é nítida. Seu bom desempenho na mais recente pesquisa Datafolha aumentou a confiança da legenda. Ele desponta com 8% das intenções de voto em um cenário com Lula candidato. Sem o ex-presidente, atinge 10%. 
A reunião da quinta-feira 19 foi a primeira de Barbosa com as principais lideranças do partido. "A conversa foi muito boa", diz Renato Casagrande, secretário-geral do PSB. "Lógico que não teve nenhuma decisão, nem por parte do partido nem por parte dele. Agora é convivência cotidiana, para podermos ganhar confiança na relação. Temos tempo para decidir. Isso pode ir consolidando a candidatura dele."
Segundo o secretário-geral, a indecisão sobre disputar ou não as eleições também é do partido, e não apenas de Barbosa. "Eu tenho plena convicção de que há poucas diferenças em relação à candidatura dentro do partido. As resistências vão sendo rompidas com o tempo." Segundo Casagrande, a restrição ao ex-ministro no partido ainda existe, mas é minoritária. "Como a posição política do Joaquim é muito semelhante à posição do PSB, ele pode ganhar confiança na relação partidária e teremos sintonia no futuro. Depende do partido e dele, mas tem espaço para dar certo".
Casagrande define a posição de Barbosa como "equilibrada, mas de centro-esquerda". "Ele não é uma liderança conservadora, reacionária. É um político moderno." Ele diz acreditar que o ex-ministro teria condições de ganhar apoio de parte do eleitorado de Lula, caso o ex-presidente não possa disputar as eleições. "Ele se identifica com a parte da sociedade mais progressista".
Por ora, Barbosa mostra bons resultados especialmente nos estratos médios e altos. Nos cenários com Lula, ele registra, segundo o Datafolha, 15% das intenções de votos entre os eleitores mais escolarizados e 12% entre aqueles com renda superior a 10 salários mínimos. Seu patamar no Sudeste também é superior à sua performance nacional: 11%.
Nos cenários sem Lula, os dados revelam que sua performance pouco se altera. Ele sobe de 8% para 10%, uma variação de apenas dois pontos percentuais, igual à de Jair Bolsonaro. Marina Silva é a única candidata que parece ganhar alguns votos de eleitores do ex-presidente: ela sai de 10% para 15%.
A condução do caso do "mensalão" pelo ex-ministro, que liderou o julgamento de líderes históricos petistas como José Dirceu e José Genoíno, não é visto por Casagrande como um empecilho para Barbosa ter boa performance na esquerda. "As pessoas gostam de sua posição firme e coerente como juiz, não acho que isso o prejudique."
Barbosa tem conversa com economistas mais próximos do mercado, a exemplo de Delfim Netto e Eduardo Gianetti, conselheiro de Marina Silva. “De fato, o PSB e o Joaquim não tem qualquer posição que possa assustar os investidores. Buscamos uma política econômica que seja instrumento de redução da desigualdade, mas ninguém vai apresentar propostas desequilibradas que possam isolar o País do resto do mundo."
Em 2014, Gianetti participou da campanha de Marina pelo PSB, após Eduardo Campos, então cabeça de chapa, morrer em um acidente aéreo. A aproximação de Barbosa com o conselheiro de Marina dá indícios de que uma reaproximação entre a líder da Rede e o ex-ministro não pode ser descartada. Há conversas partidárias em curso, mas por ora não há acordo entre os presidenciáveis.

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