Placar unânime dos desembargadores coloca o ex-presidente no cenário mais próximo da inelegibilidade para as eleições deste ano. E praticamente anula as chances dele escapar da prisão.
Apesar do placar de 3 a 0, o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não será preso imediatamente. Ele também não se torna inelegível
com a decisão do trio de desembargadores que o julgaram nesta
quarta-feira, 24, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em
Porto Alegre. Contudo, o resultado é o que fecha mais portas para o petista. E o encarceramento, efetivamente, deve ocorrer até as eleições deste ano.
Para os magistrados, houve indícios suficientes indicando que o político foi beneficiado com negócios ilegais
envolvendo a estatal Petrobras e a empreiteira OAS. Segundo delações de
executivos da empresa, Lula recebeu um triplex no Guarujá, no Rio de
Janeiro, como parte das transações financeiras.
Caminhos para a defesa
Com o resultado do julgamento, a defesa do ex-chefe do Executivo nacional poderá recorrer. Contudo, considerando o placar unânime, o único recurso cabível no TRF-4
são os chamados embargos declaratórios. Eles devem ser apresentados em
até dois dias e solicitam esclarecimentos sobre a decisão, mas não podem reverter a condenação ou a dosimetria da pena.
A apreciação também é mais rápida, e deve ocorrer até o fim de março, o
que significaria a prisão do ex-presidente neste período.
Os advogados do político também podem buscar tribunais superiores. Os recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF) irão apreciar apenas aspectos legais e constitucionais
das decisões dos magistrados da segunda instância, e não o mérito do
caso. Nas duas instituições, os recursos precisam ser apresentados pelo
réu em até 15 dias após a publicação do acórdão. Independentemente
desses recursos, a prisão pode ocorrer com a condenação confirmada em
segunda instância.
Eleições 2018
O
resultado unânime dos desembargadores também dificulta a situação do
político para as eleições deste ano. Como há menos possibilidade de
recursos, o processo deve ser encerrado no TRF-4 ainda no primeiro trimestre. Neste cenário, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fica livre para julgar a aplicação da Lei da Ficha Limpa, que pode tirar Lula das urnas em outubro.
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