"Um dos mais premiados diretores de teatro do Brasil, Roberto Alvim conta em entrevista que todas as portas se fecharam depois que ele declarou apoio a Jair Bolsonaro| Foto: Edson Kumasaka/ Divulgação"
"Para a esquerda não existe uma ideia de obra de arte, o que existe são
palanques de discursos ideológicos”."
"O diretor de teatro
Roberto Alvim atendeu a reportagem da Gazeta do Povo na sexta-feira (7), por
telefone, de dentro de seu teatro, a Companhia Club Noir, que ele e esposa, a
atriz Juliana Galdino, mantêm há 12 anos na rua Augusta, em São Paulo. Logo no
início da conversa, informou: “Estou aqui no meio dos escombros do teatro,
porque a gente está fazendo a mudança, tirando equipamentos de luz, som,
cadeiras, tudo. Estou fechando meu teatro no dia 25. Hoje, a minha carreira
praticamente acabou por conta do meu apoio ao presidente Jair Bolsonaro e por
conta da minha admiração declarada ao professor Olavo de Carvalho”.
Nascido no Rio de Janeiro,
Alvim tem 45 anos e dirige peças de teatro desde os 18. Conduziu algumas das
montagens mais premiadas na história recente do Brasil, como Homem sem Rumo,
Fedra e Leite Derramado, esta baseada no romance homônimo de Chico Buarque, de
quem era amigo pessoal. Entre 2009 e 2015, coordenou o Núcleo de Dramaturgia do
Sesi em Curitiba. “Dei aulas em Curitiba durante sete anos. Foi muito bom,
porque formou uma geração inteira de dramaturgos e diretores que estão
produzindo direto agora”, ele diz.
Alvim vivia das oficinas de
atuação que realizada no Club Noir, quatro ao ano, sempre com cerca de 15
alunos, e também chegou a dirigir 16 peças por ano, incluindo textos de
Shakespeare, Ibsen, Jean Genet, Samuel Beckett e Harold Pinter. Tudo isso
acabou depois que ele declarou apoio ao candidato à presidência Jair Bolsonaro.
Na entrevista, Roberto Alvim
explica que era de esquerda, ainda que não convicto, até ficar à beira da
morte, há dois anos. Desde então, sua vida mudou completamente. Todos os seus
amigos o abandonaram e as ameaças se acumularam. No momento em que nenhum aluno
apareceu para suas oficinas e o Sesc informou por e-mail que uma peça pronta
para estrear seria cancelada, Alvim percebeu que não tinha mais espaço no
teatro nacional.
A doença
“Eu tive uma conversão bem
radical de dois anos para cá. Tive um problema de saúde muito sério, descobri
um tumor no intestino. Até fazer a biópsia, eu me considerava condenado à
morte. Esse tumor na verdade era benigno, mas estava causando uma série de
problemas, e eu estava muito mal. Tenho 1,90 m de altura e estava pesando 75
quilos. Tinha febre permanentemente. Até que um dia, chegando em casa depois de
uma noite no hospital, a babá do meu filho, que era evangélica, pediu para
fazer uma oração. Falei para ela sair do meu quarto. Como todo intelectual, eu
era ateu convicto. Mas a minha mulher falou, ‘deixa ela fazer a oração, mal não
fará’. E ela colocou a mão na minha cabeça e começou a orar. E eu senti uma
energia, uma luz. Eu levantei da cama, no dia seguinte fui para o hospital, o
tumor tinha praticamente desaparecido. Foi um milagre”.
Passado de
esquerda
“Nunca fui comunista, mas eu era um esquerdista, no sentido de ser um propagador da agenda progressista. Fiz espetáculo, o Pequenos Burgueses, do Górki, aqui em São Paulo, que terminava com a bandeira da União Soviética sendo exibida enquanto o hino da União Soviética era tocado. E agradava muito, as pessoas aplaudiam em pé, chorando. Eu estava naquele barco, tinha algum senso crítico em relação àquilo, mas o meio é tão acachapante, você está sendo bombardeado permanentemente por esse pacto de conivência, de jogar para debaixo do tapete 100 milhões de assassinatos, como se nada fossem, que você é arrastado. O marxismo cultural é completo e o pensamento de esquerda é completo, de forma que se torna hegemônico, e eu nunca tinha parado para pensar direito sobre o assunto”.""
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Fonte : Gazeta do Povo