O suíço Jean Piaget, há quase um século, mudou a forma como as escolas educam as crianças quando propôs algumas teorias sobre o ensino. Uma de suas teses é de que o incômodo é o ponto de partida para o aprendizado. O exemplo clássico é do bebê que, diante de dor no estômago, chora. A mãe o amamenta e ele passa a associar que, diante da fome, pode pedir comida. Aprende a superar a dor e alcançar o conforto da saciedade.
Ignorar o incômodo e deixar de “denunciá-lo” por meio do choro não resolveria o problema do bebê. Em um adulto, o silêncio seria um erro ainda mais grave. Os psicólogos chamariam tal atitude de negação – tipificada pela psiquiatra Anna Freud como o mecanismo de defesa psíquica mais ineficaz, por tratar-se de simplesmente ignorar uma realidade.
Corresponderia a alguém que, diante da queda de um objeto, em vez de agarrá-lo para evitar que caísse, passasse a questionar a Lei da Gravidade. Portanto, é chocante ter lido no domingo passado o senador José Sarney, figura tão experiente e com carreira política tão longeva, gastar laudas para negar uma realidade escrita na pele de quem aqui vive.
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Maranhão um dos estados com o menor índice de saneamento básico |
Infelizmente, esta longa lista não é obra de uma antipatia dos algarismos pelo nosso estado, tampouco de uma fantástica conspiração de todos os institutos de pesquisa do país e do mundo contra nosso querido Maranhão. É apenas a tradução, em números, da absurda realidade que os maranhenses enfrentam todos os dias com tanta coragem e altivez.
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Família vivendo as margens da sociedade, no Maranhão da oligarquia |
Mas mesmo belas estatísticas despertam tristeza, já que contrastam justamente com a brutal negação de direitos que marca a vida da maior parte dos maranhenses. E como tanta riqueza é capaz de gerar tanta pobreza? Como o estado que é o 16º mais rico do Brasil tem a penúltima posição quando se fala em distribuição de riqueza? Como um estado que produz mais de R$ 40 bilhões de reais em riquezas, todos os anos, tem em seu território uma em cada cinco pessoas vivendo abaixo da linha de extrema pobreza?
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Pacientes sendo atendidos em corredores de hospital por falta de leitos e médicos no Maranhão |
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